Davidson Abreu - escritor

Davidson Abreu - escritor

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O DRÁCULA DE CHRISTOPHER LEE

                                          1ª PARTE


                   Poster do filme O Vampiro da Noite, o primeiro Drácula de Lee, já inspirou capas de HQ e até tatuagens


Os mais clássicos diriam para começar uma homenagem envolvendo atores que interpretaram Drácula com Bela Lugosi, porém discordo.
            Apesar da importante participação de Lugosi no cinema de horror, de ter inserido o smoking no Conde vampiro, quem realmente imortalizou o Drácula de forma assustadora foi Christopher Lee.
            Seu início como o vampiro foi com o clássico de 1958 O Vampiro da Noite, da Hammer, e contracenando com seu amigo Peter Cuching que também seria eternizado como Van Helsing, o arquinimigo do Conde vampiro.


         Peter Cushing encurralando Drácula na cena final de O Vampiro da Noite
           
            A presença marcante de Lee, com sua voz única, seus quase 2 metros de altura, o clássico penteado já utilizado por Lugosi, e o olhar aterrorizador, impressionava a platéia.
            Na época não dispunham de recursos para os efeitos especiais, tão facilmente introduzidos aos filmes de hoje, então era necessário muito da atuação para causar medo.
            E realmente Lee conseguia esse efeito. Difícil para nós, nos dias de hoje ter essa concepção, mas nossos avós, que o assistiram no cinema, ou mesmo anos mais tarde na TV em casa, podem nos relatar o medo que sentiam quando Lee aparecia em cena.

                      
           
              Há décadas atrás, os filmes demoravam muito para chegarem aos cinemas do Brasil. Imaginem a sensação das pessoas, nos anos 60 e 70, quando quem tinha TV era ainda em preto e branco, com uma imagem ruim, ao assistirem um filme a cores, em uma tela gigante, o som em alto volume e com a interpretação de Lee, como o terrível Conde.
            Engraçado é que nos anos 90 os filmes de vampiro viveram um festival de sangue pra todos os lados e não convenciam ninguém, exceto com o filme Drácula, de Bram Stoker, que é outro clássico.



            O clima dos filmes da Hammer era gótico e nos levava a uma viagem ao Leste europeu. É claro que vendo hoje é fácil notar os cenários pintados, quando aparecia o castelo do Conde.


                 Homenagem gráfica a Peter Cushing, amigo de vários filmes e também seria eternizado como Van Helsing.

            A interpretação no filme O Vampiro da Noite assemelha-se muito com uma peça de teatro inglês.
            É interessante também como o Castelo aparenta ficar próximo de tudo, pois chegam facilmente a cavalo, inclusive atravessam até uma fronteira na mesma noite.

Drácula, o Principe das Trevas - 1966



É a continuação de O Vampiro da Noite, sendo que no início do filme é passado a cena final do clássico de 1958.
A lenda do Conde Drácula ainda aterroriza a população local, mesmo após sua morte. Jovens casais viajando em férias são aconselhados por moradores de um pequeno vilarejo na região das Montanhas Carpathians a desistir de seus planos.
Segundo os habitantes da região uma maldição vive escondida no interior da floresta. Julgando tratar-se de mera superstição dos moradores locais, os viajantes ignoram o aviso e partem em direção ao desconhecido. Abandonados pelo cocheiro em pleno interior da floresta, eles caminham até um castelo onde são muito bem recebidos por um lacaio de Drácula.
Christopher Lee não gostou do roteiro (eu também não) e só aparece após 50 minutos do filme. Pediu para não proferir nenhuma palavra no filme inteiro, e assim o fez.
Para economizar, o filme foi gravado quase simultaneamente com Rasputin: O Monge Louco, utilizando os mesmos cenários e a maior parte do elenco.
Só vale a cena final, da morte de Drácula, que também sai do tradicional.

Drácula, o Perfil do Diabo - Dracula Has Risen from the Grave - 1968


            Após gerar pavor na província de Caynemberg, Drácula (Christopher Lee) foi aparentemente eliminado. Um ano após sua "morte" Ernst Muller, um Monsenhor, visita a região e vê que ninguém vai à missa, pois a sombra do castelo cai sobre a igreja e todos sentem a presença do mal, inclusive o padre local. Com isso o Monsenhor, acompanhado pelo padre, parte para exorcizar o castelo. Porém o padre está tão apavorado que não consegue ir até ao castelo, então o Monsenhor continua sozinho e pede que o padre o espere.
O pavor do padre era tão grande que ele se assusta com um temporal e cai num pequeno precipício, onde estava o túmulo de Drácula. O padre se feriu na queda e um pouco do sangue vai até os lábios de Drácula, que ressuscita.
 Paralelamente o Monsenhor lacrou o castelo com uma cruz na porta e foi embora. Ao ver a cruz na porta, Drácula fica cheio de ódio e pergunta ao padre quem fez aquilo. O religioso, apavorado, diz que foi o Monsenhor, então Drácula planeja se vingar dele.

O Sangue de Drácula - Taste the Blood of Dracula – 1969


Novamente Lee estava descontente com o roteiro do filme e, pela segunda vez, Drácula ficaria calado, com exceção de algumas pouquíssimas palavras.
O tempo para a conclusão das filmagens era pouco, assim como o orçamento da produção. Uma das maiores perdas da Hammer foi ter de descartar Vincent Price participaria do filme como William Hargood, personagem de Geoffrey Keen, devido á seu alto cachê.
No exato momento da morte de Drácula (filme anterior), um homem passa pelo local e recolhe seu sangue, capa e anel com a intenção de ressuscitá-lo em um ritual satânico. Três distintos cavalheiros estão procurando por algo excitante em suas tediosas vidas.
Eles entram em contato com um dos servos de Drácula e realizam uma cerimônia noturna para trazê-lo de volta à vida. Eles aceitam do Lord Courtley a missão de comprar para este o manto, o anel, e um frasco com sangue pertencente ao falecido Conde Drácula. Em troca, terão seus desejos mais secretos realizados.
Numa cerimônia secreta, os cidadãos se recusam a beber uma poção feita com o sangue de Drácula, mas o Lord bebe e é espancado até a morte, como vingança, ele decide que os cavalheiros serão mortos, um a um, por seus próprios filhos.

O Conde Drácula - Scars of Dracula - 1970.



             "O Conde Drácula" é o sexto filme da série, e o quinto com a participação de Christopher Lee. Considerado o mais violentos da saga inglesa de Drácula.
O filme inicia com a ressurreição do vampiro, que estava transformado em cinzas, um morcego derrama sangue nas cinzas. De volta à vida, Drácula continua a matar as belas jovens do vilarejo. Revoltados, os aldeões se reúnem e invadem o castelo ateando fogo na enorme estrutura de pedra, imaginando terem destruído o conde.
Porém, ele escapa da tragédia e auxiliado por seu servo Klove, tempos depois, Paul Carson, que estava fugindo da polícia de uma cidade próxima chamada Kleinenberg por se envolver num romance com a filha do burgomestre local e estava sendo caçado por dois policiais, após passar pelo vilarejo, acaba chegando ao castelo de Drácula.
Paul é recepcionado por uma das escravas vampiras de Drácula, a bela Tania, e logo torna-se prisioneiro e vítima do conde das trevas. Preocupados com seu desaparecimento, seu irmão mais novo Simon e a noiva Sarah partem a sua procura e chegando ao vilarejo são orientados pelo padre local para seguir até o castelo onde serão recepcionados pelo vampiro.
Algumas cenas são bem violentas, principalmente considerando a época da produção, destacando a carnificina realizada dentro de uma igreja, onde várias mulheres foram assassinadas por morcegos sanguinários, com direito a olhos vazados, e rostos totalmente dilacerados.



 Outro momento de forte apelo em termos de horror foi o curioso assassinato da escrava Tania por seu mestre Drácula através de violentos golpes de faca, e seu posterior esquartejamento para dissolver seu corpo em ácido, numa ação macabra do escravo Klove utilizando cutelos e serras para desmembrar o corpo da bela mulher.
 Hoje até uma criança assistiria ao filme devido aos banhos de sangue dos filmes modernos, mas na época de sua produção mesmo uma cena discreta de esquartejamento causava um impacto impressionante no público.
Os efeitos especiais são extremamente precários. Os enormes morcegos de olhos vermelhos, que possuem importante influência na história, são notavelmente criaturas artificiais, hoje chega a ser cômico as cenas de vôo dos morcegos, podemos visualizar as cordas que os sustentam nos vôos.
O castelo ficou muito bem feito, é uma típica fortaleza gótica de pedra construída no alto de um penhasco, em interessantes cenários que recriam essas imponentes estruturas do passado.
Como sempre o maior destaque é a presença de Christopher Lee como Drácula, encarnando magistralmente o vampiro, diz poucas palavras e prioriza as expressões faciais, com seus olhos vermelhos reproduzindo seu ódio.
Este foi o primeiro filme do Drácula com Christopher Lee que eu assisti, eu era bem garoto, entre sete ou nove anos de idade, assisti algumas reprises, tive pesadelos e adorava este filme.
Ficou muitos anos sem reprisar na TV, então eu encontrei-o em uma locadora de fitas (VHS – ainda) quando tinha 18 anos e o assisti novamente. Estranhamente, não curti.
Após mais alguns anos resolvi comprar o DVD e reatamos (rsrsr) adorei novamente, é um dos melhores exemplares, as idéias do roteiro são excelentes, só se perdem devido aos efeitos precários, e a morte do Conde é muito legal.
Como quase todos os filmes de Drácula da Hammer, o roteiro foge ao livro de Bram Stocker, mas a mitologia em torno do personagem é fiel.




CONTINUA ...

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