Davidson Abreu - escritor

Davidson Abreu - escritor

sexta-feira, 14 de setembro de 2018


Os Imperiais de Gran Abuelo


M R Terci acerta em cheio com sua obra.
Lançado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, fez sucesso antes mesmo de ser lido.
Terci já carrega um público fiel que acompanha física e digitalmente suas obras como O Bairro da Cripta e Assombrada BR.
Sua criatividade vai além dos escritos, além das gravuras que ilustram o livro, da capa com ótima inspiração (fica o segredo pra quem quiser pesquisar), e chega ao curioso lançamento levando a própria morte para lhe fazer companhia enquanto autografa os exemplares para seus fãs e novos leitores.



A história:
Um pelotão (assim eu tomo a liberdade de dividi-los militarmente) de imperiais, ao final da guerra do Paraguai, deparam-se com horrores maiores do que os presentes no sangrento conflito.
O mal da guerra, a loucura de Solano Lopez, e as próprias atrocidades cometidas pelo exército brasileiro, parecem ter sido o cenário perfeito para que um grande mal se manifestasse fisicamente.



A escrita de Terci não é tão ágil, eu o vejo como um escultor de palavras, que devem ser apreciadas com carinho. Isso talvez faça quem não conhece o estilo estranhar um pouco no começo, necessitando de mais atenção, mas após algumas páginas ficará fascinado com o cuidado que cada parágrafo foi construído, isso instintivamente, pois estará inserido completamente na história.

Os personagens são cativantes e com características peculiares. O cenário remete aos tempos do império, mesmo longe da Capital.
A trama é muito bem construída, assim como a narrativa nos faz viajar no tempo.


Falo com toda a minha característica sinceridade que o livro deve ser respeitado e ter lugar de destaque em nossa literatura, principalmente pela originalidade, respeito a nossa história e a aventura que ele nos presenteia.

Qualquer coisa que eu falasse mais seria em vão.

Abotoe sua farda, e erga o seu sabre. Aos imperiais não é permitido temer.

“Deixamos a cabana em chamas, com os restos mortais da família de campesinos dentro. Enterrei a pequenina atrás de um ipê. Nas primaveras que se seguirem, tratará a natureza de lhe cobrir a campa com suas cores e perfume. Descanse em paz, anjo.”

                                          Companheiro de metrô